domingo, 11 de outubro de 2009

Um olhar sobre o Patane


Hoje gostava de levar os leitores até ao Patane, um bairro localizado junto do Porto Interior. Patane em chinês diz-se sa lei tau (沙梨頭), "sa" significa "areia", "lei" é "pêra" e "tau" é "cabeça". Daí cada um tira as suas próprias conclusões.


O Mercado Municipal do Patane, um dos maiores de Macau, é também conhecido por "mercado flutuante", por se encontrar junto a uma das ponte-cais que abundam na zona.


Uma visão do interior do mercado esta manhã. Em baixo ficam localizadas as bancas que vendem peixe e aves, e em cima a carne de porco, vaca e vegetais.


Uma das bancas que vende carne de porco. Podemos ver o animal ali todo desmontado: as orelhas, o focinho, as costelas, os fígados, etc. Vende-se todinho. Quem chega mais cedo pode apanhar a mioleira e os chispes, bastante requisitados.


Uma banca que vende carnes secas: pato, galinha, toucinho, chouriço chinês e pele de porco. Ingredientes que entram no famoso tacho, uma especialidade macaense que se consome especialmente no Inverno.


Esta pasta é a massa de peixe, com que se faz o yu tan, as bolas de peixes que se comem na massa, na canja ou simplesmente espetadas em pauzinhos e acompanhadas com molho de caril chinês.


As características bancadas onde se vendem as aves. O freguês tem sempre a garantia que a carne é fresquíssima, pois as galinhas são acabadas de matar essa manhã, e ainda vêm com cabeça e tudo. Os chineses raramente compram meia galinha: a ave tem que ser confecionada na sua integridade, da cabeça aos pés.


Á saída do mercado encontramos flores, das mais baratas. Um molho de meia dúzia de rosas, por exemplo, custa apenas dez patacas.


O peixe salgado, essa delícia. A minha mulher não é grande apreciadora, principalmente devido ao cheiro muito peculiar do peixe que é deixado a secar ao sol, exposto às moscas. Mesmo assim o peixe salgado é muito procurado, para ser cozinhado a vapor e servido com gengibre e molho de soja, acompanhado com arroz.


Do Porto Interior propriamente dito, vemos ainda alguns barcos de pesca, onde outrora tinhamos juncos a perder de vista. Do outro lado do rio podemos avistar Wan Chai, uma localidade da China continental, perto de Zhuhai.


No comércio junto ao Porto Interior domina o "hardware". Esta é uma loja de aprestos marítimos: correntes, cabos, correias, ganchos, tudo para o pescador.


Como não podia deixar de ser, no Patane predominam os restaurantes de peixe e mariscos, devido à proximidade do mar. Esta é a célebre marisqueira Wai Kei.



As pontes-cais do Patane são todas baptizadas. A nº 25, por exemplo, é a U Vo Fat Kei, e a nº 30 é a Hip Lei. A mais conhecida é a Ponte nº 16, onde se encontra o hotel-casino.



Podemos encontrar outro tipo de comércio aqui no Patane. Caixões, por exemplo. Esta loja diz providenciar caixões não só chineses, mas também ocidentais. Os caixões chineses (à direita na imagem) são um tanto ou quanto diferentes dos nossos (salvo seja). Além de nunca serem pretos, têm uma peculiar forma de flor. Um veículo para chegar ao outro mundo. Tive que tirar a fotografia de fora da loja, por motivos de feng shui.


Pode-se encontrar também outro tipo de comércio, o de rua. Chaveiros (na imagem), sapateiros, custoreiras, vendedores de artigos votivos e religiosos, um pouco de tudo.


Uma quinquilharia/livraria, onde se podem adquirir resmas de livros em segunda mão (chineses, claros), ao preço da uva mijona.


E como é quase hora de almoço (mais ou menos 11 horas), abrem os restaurantes que vendem as tradicionais "caixas de arroz". Uma caixa de arroz custa 10 patacas, e é acompanhada com três pratos à escolha, todos misturados. Uma pechincha, bastante requisitada por quem procura uma refeição rápida e barata.


O antigo edifício da Polícia Marítima e Fiscal.


E para que os cidadãos se sintam seguros, eis que de cima olham os senhores da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, Chan Meng Kam e Ung Choi Kun. Para que os prevaricadores pensem duas vezes antes de abrir uma pensão ilegal. Eheh.

Espero que tenham gostado desta visita pelo Patane. O Bairro do Oriente conclui por hoje a sua emissão, e o seu autor vai consumir o jantar oferecido pela sua associação para comemorar o 60º aniversário da Implantação da RPC e o 10º aniversário da RAEM. Até amanhã!

3 comentários:

António Manuel Fontes Cambeta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Manuel Fontes Cambeta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Vejo que o Chan Meng Kam e o seu parceiro de lista mantêm um cartaz no sítio do costume, mas mudaram de roupa: em vez da vestimenta típica da lista 7, optaram pelo fatinho e gravata.